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Servidores do Tribunal de Justiça estão indignados com fim do trabalho remoto na pandemia

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anifestações de desagrado ocorreram durante visita da direção do Sindijus ao Fórum Gumersindo Bessa

 

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O fim do regime de rodízio no TJSE, desde o último dia 03, causou indignação entre os servidores do Tribunal. Foi o que disseram os trabalhadores do maior fórum do estado, na rodada promovida pela direção do Sindijus nesta sexta-feira (5). Nas conversas, foi lembrado que o trabalho remoto, durante a pandemia, garantia o pleno atendimento da população e melhorava a qualidade de vida dos integrantes da categoria. Direção do sindicato solicitou ainda no dia 25/10 a continuidade do home office combinado com o rodízio do trabalho presencial, mas o presidente do TJSE, des. Edson Ulisses, ainda não respondeu o expediente.

“O retorno do famigerado dragão da inflação, que corrói os salários dos servidores, torna essa retomada ainda mais difícil. As pessoas gastam mais com os deslocamentos, com alimentação, com cuidados sanitários para se protegerem da Covid-19. Tudo isso, colocado na ponta do lápis, demonstra a falta de sensibilidade do gabinete de crise com os graves desafios vividos pelos trabalhadores do TJ”, avaliou o coordenador geral do Sindijus, Jones Ribeiro.

Opinião dos servidores

Nos debates ocorridos nas unidades do Fórum Gumersindo Bessa, nenhum servidor se mostrou contrário ao requerimento formulado pelo Sindijus. As pessoas manifestaram-se favoravelmente ao modelo de trabalho remoto adotado até o final de outubro, e defenderam que este fosse mantido se não de forma permanente, ao menos até o início de 2022. “Já que estamos no final do ano, poderia ao menos aguardar até o início do próximo ano, afinal, ainda estamos na pandemia e caso um servidor tenha contato com alguém contaminado, o afastamento impediria que ele se contaminasse e ou contaminasse outras pessoas”, sugeriu a técnica Judiciária Paula Noya.

Para a técnica Alessandra Teófilo, a experiência pessoal com o trabalho remoto foi bastante positiva. “Eu não tive dificuldade de trabalhar remotamente. E existindo a avaliação de que não só mantivemos, como aumentamos a produtividade, então, por que não continuar? Vejo muitas colegas com filhos ou dependentes que estão passando por dificuldades nesse retorno, por não ter vaga em creche, por não ter cuidadores disponíveis a essa altura. Mesmo que eu não tenha esse problema, devemos pensar no coletivo, pelo menos até o final do ano”, avaliou.

A afirmação de Alessandra, sobre a elevada produtividade dos servidores durante a execução do trabalho em home office, foi tema recorrente nas diversas falas. "o próprio TJSE reconhece que nós fomos eficientes trabalhando e casas", destacaram alguns.

A natureza das atividades de alguns setores, e a possibilidade que este possa ser realizado remotamente, também foi defendida. Foi o que expressou o analista Judiciário Pedro Pires. “Nosso trabalho de elaborar relatórios, dentro de um prazo determinado, é eletivo e agendado. Não haveria nenhum prejuízo para o público. Também geraria economia ao Tribunal, com a manutenção das salas, gastos com energia e água, por exemplo. E o revezamento deveria ser permitido e facultativo, e não a critério das chefias, mas um direito do servidor”, defendeu.

A coordenadora de Cultura e Lazer do Sindijus, Analice Soares, que também atua no Gumersindo Bessa, foi enfática. “Entendo que não houve coerência na decisão do TJSE pelo retorno do trabalho presencial para todo os servidores. A pandemia não acabou e, além do quadro sanitário que ainda exige muito cuidado, já foi constatado que o trabalho remoto não reduziu os índices de produtividade. No que se refere aos analistas de serviço social e psicologia, por exemplo, a organização do cotidiano de trabalho com alternância de trabalho presencial e remoto mostrou-se viável, porque não alterou as rotinas do processo de trabalho, que envolve atendimentos presenciais e elaboração de laudos, relatórios”, reforçou.


Pagar para trabalhar

Apesar do desejo de permanência em trabalho remoto, alguns servidores aproveitaram a oportunidade para expor as dificuldades enfrentadas pela falta do fornecimento dos equipamentos e estrutura adequados pelo TJSE. “Quando travava a internet, teve dias que precisei esperar horas para movimentar um processo, algo que me causou muita angústia. A questão de investir em boas máquinas, também foi deixado ao nosso encargo. Seria muito bom se Tribunal adotasse uma ajuda para a compra de equipamentos, para o custo com a internet, especialmente com a chegada do 5G, e que a rede da instituição fosse melhor, inclusive adotando as ferramentas adequadas de segurança”, explicou o técnico Manoel Belarmino.

Desde a decretação do "regime diferenciado de trabalho remoto integral" pelo Tribunal de Justiça de Sergipe, em marco de 2020, a direção do Sindijus detectou esse problema, da transferência de responsabilidade pelas condições de trabalho do patrão, o TJSE, para os servidores. Nenhum dos dois presidentes do órgão no período, os desembargadores Osório Ramos Filho e Edson Ulisses, atenderem aos pedidos da categoria, sobre o fornecimento de maquinário e estrutura de trabalho.

Sobre o tema, continua em andamento no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) uma ação que visa obrigar o TJSE a fornecer as ferramentas necessárias ao trabalho remoto.

:: Relembre: Sindicato solicita ao CNJ que TJSE garanta estrutura para trabalho remoto dos servidores


Campanha salariai

Nos debates com os servidores do Fórum Gumersindo Bessa, a direção do Sindijus usou a oportunidade para transmitir informes sobre a campanha salarial de 2020 e sobre a construção da pauta de reivindicações deste ano. Também foi realizada a mobilização para as plenárias de base dos analistas e técnicos judiciários, que acontecerão nos próximos dias 10 e 11 de novembro, respectivamente.

A direção do sindicato cobra a marcação de uma nova reunião com o presidente do TJSE, o desembargador Edson Ulisses, desde o final de setembro. A continuidade das negociações foi um compromisso assumido pela gestão como condição para os servidores aceitarem a revisão salarial parcial. O TJSE continua descumprindo a Constituição Federal, visto que ainda deve aos servidores 2,45% no vencimento básico e 5,45% nos auxílios saúde e alimentação do ano de 2020.

Uma Assembleia Geral está prevista para acontecer no próximo dia 17 novembro, quando será definida a pauta de reivindicações anual.